sábado, 8 de outubro de 2011

A Bota Italiana


O país em formato de Bota

Então a tão esperada viagem para Roma chegou!!! E como tudo que é bom, passou rapidinho...
Sim minha gente, eu tive a honra de conhecer a famosa capital italiana... Também conhecida internacionalmente como a Cidade Eterna pela sua história milenar, Roma espalha-se pelas margens do rio Tibre, compreendendo um grande centro histórico desde o ano de 753 antes de cristo. Poder visitar a sede do Império Romano e do movimento Renascentista, diante de uma cultura histórica que influencia o mundo, assim como vislumbrar suas ruínas, é algo definitivamente emocionante!
Depois de 15 enfadonhas horas dentro de um ônibus Eurolines, eis que cheguei definitivamente à Itália... E logo de início já se pode notar as diferenças em relação à França: um arquitetura totalmente diferente, pessoas bastante calorosas, um sol de rachar, zilhões de turistas por todos os lugares, e por todo canto pessoas falando essa charmosa língua!
Comer, Andar e Olhar...
Sim, em analogia com o livro “Comer, rezar e amar”, nesta viagem à Roma pudemos fazer a constatação do que de fato se faz na cidade. A começar pelo tamanho relativamente pequeno do centro histórico, que permite visitar os princípais locais andando. É interessante que em Roma, em função de sua densa história, o metrô simplesmente não pôde ser desenvolvido! Afinal acada escavação se encontravam novas ruínas da época do Império... essa informação me fascinou!
Logo que cheguei em Roma encontrei com a minha prima Cláudia, almoçamos e mais tarde chegaram o Gui (meu irmão) e a Luíza (querida cunhada). Pela tarde, resolvemos dar uma volta, sem muitas pretensões nos quarteirões vizinhos ao hotel onde eu estava hospedada. Sem muito esforço, ou seja, depois de andar uns 10 minutos, de cara esbarramos pelo Castel Sant’Angel e logo avistamos a Piazza San Pietro e o Vaticano.
Eu sob fundo da Piazza di San Pietro, com o obelisco e a basílica.
A Piazza di San Pietro (praça de São Pedro) está situada em frente à Basílica de São Pedro, no Vaticano, onde ergue-se também um obelisco do século I d.C., do Antigo Egito no centro. A praça tem um formato elíptico e é rodeada por colunatas, cuja idéia é abrir-se como um grande abraço maternal, para simbolizar a sede da Igreja-mãe, o Vaticano. E é exatamente nessa famosa praça que o Papa celebra a missa pontifícia, uma das maiores festa da igreja católica.

Eu e Gui diante do Vaticando, numa pose espontaneamente forjada.
 Ficamos em volta do obelisco, lemos um pouco do guia turístico, vimos o sol se pôr e voltamos em direção ao Hotel, passando pelas margens do Rio Tibre e avistando belíssimas paisagens...


Gui e Luíza sob o fundo do Castel Sant'Angel




Eu e Luíza entre o Tevere e o Sant'Angel


Mais tarde comemos uma deliciosa e tradicional pasta italiana, acompanhados pela nossa querida prima Cláudia e um bom vinho (que eu não bebi...)! E tudo isso somente no primeiro dia!
No sábado pela manhã, combinamos de nos encontrar na estação de metrô da Piazza Spagna (praça da Espanha), que sempre estava lotada!

Na foto a vista da Piazza Spagna

Fomos em direção ao Colosseum (o famoso Coliseu Romano, da época do Império). Eis que tivemos a oportunidade de conhecer ao vivo 2 mil anos de história!

Faixada externa do Coliseu, hoje em ruínas.


Capaz de abrigar (na época, claro) mais de 50 mil pessoas, o Coliseu, que possui 48 metros de altura, demorou aproximadamente 10 anos para ser construído! Utilizado durante mais de 500 anos para exibição de espetáculos em arena, sobretudo as lutas entre gladiadores e animais de porte, como leões, por exemplo, o Coliseu é um dos maiores símbolos do Império Romano . Eleito uma das sete maravilhas do mundo moderno, o local também possui muitas curiosidades, a começar por sua imagem como um centro de execuções cruéis, que seriam o lazer da época (suponho...).
Os escravos da época eram obrigados a lutarem na arena e, estes só se faziam homens livres caso sobrevivessem mais de 15 lutas. Para você que está pensando “que bom, pelo menos eles tinham chances de se tornarem livres” é importante saber que nunca na história dessas batalhas um homem foi capaz de vencer mais de 10 lutas...
No interior do Coliseu têm-se 3 andares que também demarcacam as segregações de classe e sexo da época. No primeiro piso apenas tinham acesso homens poderosos e ligados ao Império, no segundo andar acessavam os homens ricos e por último as mulheres e as classes mais populares.







Eu em face da parte interna do Coliseu. Repare o muro em ruínas, as subdivisões e a arquitetura do local.

Na saída do Coliseu fomos em direção ao Arco de Constantino, um arco triunfal erigido para comemorar a vitória do Imperador Constantino em uma Batalha  em 312 a.C.
Gui em frente ao Arco de Constantino, reparem que o Coliseu está logo ao lado.
Em seguida fizemos uma verdadeira viagem no tempo, seguindo em direção ao Fórum Romano onde avistamos muitas ruínas... O Fórum Romano era o principal centro comercial da Roma Imperial. Ali havia lojas, praças de mercado e de reunião.


Eu sob as escadarias do caminho que leva ao Fórum Romano.

Vista das ruínas do que um dia foi o Fórum Romano.

Mais tarde (e muito cansados, diga-se de passagem), depois de almoçar, ainda passamos pela belíssima (lotada de turistas) Fontana di Trevi, ao final a apreciamos tomando um sorvete (não o típico gelatto italiano, mas tudo bem!).
A Fontana di Trevi (Fonte dos trevos, em português) é a maior (cerca de 26 metros de altura e 20 metros de largura) e mais ambiciosa construção de fontes barrocas da Itália. Ademais, o monumento foi o cenário de uma das cenas mais famosas do cinema italiano: em La Dolce Vita de Federico Fellini.
Fontana di Trevi - consegui tirar uma foto parecendo que não tem ninguém por perto, quando na realidade o local estava muitíssimo lotado!

Uma das coisas que muito me chamou atenção ao longo de toda minha estadia em Roma foi a quantidade de carros 'mini'! Creio que lá, e aqui na Europa como um todo, esse tipo de carro seja produzido para ser econômico e para pessoas que usam o veículo sozinhas... É bizarro que no Brasil o preço desses carros sejam o triplo do valor (perde toda a lógica de concepção)! Bom, é lógico que ao me deparar com um 500 da fiat modelo antigo eu não podia perder a oportunidade de tirar pelo menos uma fotinha... !

Parece até de Brinquedo!
Pela noite eu jantei com a prima e caminhamos um pouco pelas praças próximas ao nosso hotel.
Domingo...
Iniciamos nosso passeio passando por estreitas ruas e feiras do centro histórico de Roma e chegando até a Piazza Navona, também futura vista da nova moradia da Cládia! Sim, é nesse belíssimo local que a nossa prima terá o provilégio de morar, num apê com direito à ruínas internas!
Cláudia, eu, Lu e Gui na Piazza Navona à Noite

A Piazza Navona é uma das mais célebres praças de Roma. A sua forma assemelha-se à dos antigos estádios da Roma Antiga, construída entre 81-96 d.c. A praça sofreu intervenções do famoso escultor Bernini com a construção da Fontana dei Quattro Fiumi  ao centro (Fonte dos Quatro Rios, do ano de 1651). O local é também sede da embaixada do Brasil na Itália desde 1920.

 Fontana dei Quattro Fiumi  

Na extremidade norte da praça, por debaixo dos edifícios (um deles o futuro apê da Cláudia), foram postas a descoberto ruínas antiquíssimas, a uma cota muito abaixo da actual, comprovando a primeva utilização daquele imenso terreiro.
Logo após a visita ao novo endereço da prima, tomamos um delicioso sorvete e seguimos em direção ao Pantheon (ou Panteão de Agripa). O interessante desse local é que é o único edifício construído na época greco-romana que, atualmente, se encontra em perfeito estado de conservação. Originalmente eram um templo dedicado a todos os deuses do panteão romano (daí o seu nome) e, à partir do século VII, passou a ser um templo cristão.
Gui e Lu em frente ao Pantheon
Graças à presença de nossa querida wikicládia tivemos a dica de logo em seguida passar pelo melhor café de Roma (conhecido como melhor expresso do mundo)  no Sant'Ustacchio! E de lá fomos para o hotel dividir minha cama (uma King size) com a Luíza e o Gui... Pela noite comemos a burata (um tipo de queijo italiano, delicioso!) e mais comidas típicas italianas! Ê vida BOA!
Segunda-Feira, 3 de outubro.
Como a maioria das pessoas já sabe, no dia 3 de outubro (também conhecido como o dia mais legal do mundo), é meu aniversário. E nesse ano, tive a experiência mais insólita de aniversário! Primeiro pois foi meu primeiro aniversário fora de Brasília e depois porque tive a honra de conhecer o Vaticano, seu respectivo museu e mais especificamente a capela sistina  (onde pude apreciar a mais famosa obra de Michelângelo)!
Eu com vista para o Vaticano (no meu aniversário de 24 anos!)
A Cidade do Vaticano (Stato della Città del Vaticano) é a sede da Igreja Católica e uma cidade-estado soberana, ou seja, o menor país do mundo.  O território consiste de um enclave murado dentro de Roma, com aproximadamente 44 hectares e uma população de 800 habitantes, é o menor Estado do mundo, tanto por população quanto por área. Como monarquia absolutista, o Vaticano é governado pelo bispo de Roma, ou Papa.
Na parte interna do Vaticano, à caminho do Museu
A Capela Sistina é famosa pela sua arquitetura, inspirada no Templo de Salomão do Antigo Testamento, e sua decoração em afrescos foi pintada pelos maiores artistas da Renascença, incluindo Michelangelo, Rafael, Bernini e Sandro Botticelli. Os artistas criaram uma série de painéis que retratam a vida de Moisés e de Cristo, juntamente com retratos papais e da ancestralidade de Jesus. Mas o mais incrível foi ver ao vivo a criação do homem de Michelângelo:

Pela noite a Clô reservou um jantar num restaurante lindo e todo romântico: The Library ROMANTIC! Nem preciso comentar que a comida e as companhias foram explêndidas... Amei meu aniversário de 2011, I-N-E-S-Q-U-E-C-Í-V-E-L!
Um brinde à moi pelos meus 24 anos!
Este post ficou gigante, mas proporcional ao quão boa foi essa viagem! Na próxima eu falo sobre minhas outras viagens...

Beijos à todos!
 
 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Le premier jour de classe...

Olá pessoas!
Eis que a vida boa acabou! É, eu sei, isso é um pouco dramático, mas é que antes parecia que eu estava de férias... agora que as aulas começaram, eu realmente pude voltar para o ritmo cotidiano!
Eu não posso negar que a volta as aulas e, minha vida como um todo nessa nova cidade, é bem diferente! Primeiro que prestar atenção em uma aula em outra língua é algo totalmente diferente, mais ainda quando se tem alunos de diversas nacionalidades: belgas, alemães, franceses, brasileiros, chilenos, etc. Acaba que, de alguma forma, a troca intercultural se faz, muito, mas muito maior!
O que mais me surpreendeu foi na aula de psicologia da decisão, cujo enfoque é na matemática financeira, mais especificamente, a disciplina enfatiza a análise dos comportamentos sob condições de risco no campo dos investimentos (afinal a faculdade que estudo é voltada para administração e gestão). Eis o famoso management acabando com minhas noites de sono tranqüilo!
Pois é, eu crente que estava abalando na minha área, que o que mais me pegaria seriam as dificuldades com a língua, mas eis que a estatística volta para minha vida! Óh céus... como eu pensava que eu nunca mais teria de lidar com essa área, parece que meu cérebro, por uma questão de sobrevivência, havia deletado tudo que dizia à esse respeito! E agora, cá estou eu, penando para rever fórmulas, bem como suas respectivas aplicações, sobretudo num contexto de enviesamento comportamental, ou seja, quando se envolvem os riscos! Já vi que vou ter que estudar bastante para essa disciplina...

Eu na estatística...

Na outra disciplina, de sócio-psicologia, os conceitos e teorias até então trabalhados me soam bem mais familiares. O temor mesmo está no trabalho final da matéria: uma apresentação oral de um projeto de investigação à nossa escolha (que envolva as temáticas da disciplina, claro!). Normalmente não tenho problemas para falar em público, mas, eu não estou acostumada a fazer isso em francês! É vou ter que treinar bastante...
Por fim, as aulas de francês me surpreenderam ainda mais... é legal que não temos apenas a tradicional aula de língua, mas um panorama histórico da França e do desenvolvimento da língua. Junto à essa disciplina temos um módulo de história da civilização e cultura francesa, o que torna a matéria realmente interessante!
Em relação à minha vida acadêmica aqui na França, é basicamente isso que tenho a dizer...
No próximo post, vou falar sobre à minha viagem à Roma!
Até mais,
Beijos!

domingo, 25 de setembro de 2011

Saudações família e amigos!

Eis que já faz um mês que eu estou aqui em Montpellier!  O tempo passou rápido em meio a tantas novidades e experiências inefáveis... A sensação de pouco a pouco me ver diante de situações inusitadas, e eu me virando muito bem, é sempre deliciosamente agradável!
Cada vez mais habituo-me aos modos de vida daqui, e, claro, à minha rotina durante essa estadia! Amanhã finalmente começam minhas aulas, e estou bastante empolgada!  Enquanto isso, pesquisei bastante os cursos de francês aqui em Montpellier, e, não é que descubro que essa minha cidade é um dos destinos da França mais procurados para aprender a língua? Eu posso compreender perfeitamente as inúmeras razões para tal fato (hospitalidade das pessoas, praia, muitos festivais, uma cidade com 1000 anos de história, etc.). Mas é óbvio que essa maravilha toda teve seu ônus né? Os cursos de línguas aqui são caríssimos (uma média de 900 euros por semana), e infelizmente, com toda minha modéstia e simplicidade aqui, não vai rolar!
Diante desse contexto, resolvi eu mesma me organizar quanto aos aprendizados de Francês, afinal, posso perfeitamente treinar a parte oral (pela convivência na cidade), e para melhorar meu vocabulário e treinar a parte escrita eu comprei  2 gramáticas avançadas. Acho que estou avançando bem, pois tenho estudado uma média de dois capítulos por dia!

E não é que já deu para verificar alguns resultados? Então, essa última semana eu tinha uma prova de nível na Universidade... Voilà! Eu consegui me sair muito bem no exame, alcancei o nível B2 (o mais avançado é o C2), ou seja, só me falta fazer o C1 e o C2! Isso me economizará tempo e dinheiro (o que na linguagem tavirense é sempre um lema)!
Mas a vida não é feita só de estudos, não é minha gente? Embora eu considere um enorme aprendizado antropológico e cultural toda essa minha experiência...
Nesses últimos dias, nos momentos de lazer, mais uma vez, saí em busca de conhecer novos lugares! Para variar, e passar aquela sensação de inveja aos que não estão comigo:
EU CONHECI AS ÁGUAS DO MEDITERRÂNEO!
Sim, sim, sim. Enquanto os meus queridos brasilienses estão aí sofrendo com essa terrível seca que desola a capital, eu aproveitei para conhecer a 'La Grande Mote' (praia aqui da região de Langdoc-Roussillon – sul da França). E minha tarde na praia foi uma delícia! Só achei estranho que aqui não tem nada de Barracas, nem vendedores ambulantes na praia... Acho que posso investir nisso e enriquecer bastante! Com tanta gente na praia (cada um tendo que levar suas comidas e bebidas) e nenhuma água de coco para comprar? O lado bom foi que meu passeio à praia saiu bem barato (3 euros, só o custo do ônibus)!
Uma das coisas que à mim me parece a mais interessante é que, tenho tido a imensa sorte de conhecer e encontrar pessoas muitíssimo agradáveis e que temperam de modo ideal minha estadia no velho mundo... Nessas duas últimas semanas conheci a Garrance (francesa e estudante de letras) e a Barbara (polonesa estudante de publicidade), as duas muito divertidades, que, como eu e Daniel, estão loucas para conhecer gente. Eis que se forma um grupo de amigos internacionais! Essa experiência de sair com pessoas de diferente lugares do globo é simplesmente fantástica! Parece que o assunto nunca vai acabar, e sempre aprendemos um pouquinho mais sobre a cultura de outras pessoas... Isso é tão rico!
Na foto Daniel, eu, Bárbara e embaixo a Garrance, todos posando para a foto depois de uma noite de jogos!
Melhor ainda é conhecer e buscar cada vez mais a história dessa cidade linda de 1000 anos! Aproveitei e conheci os três museus que compõe a história da cidade (todos de graça!). Andei pela prefeitura,  pelo Château d'Eau e Arco do Triunfo (o de Montpellier é anterior ao de Paris). Sempre bem acompanhada, pude tirar boas fotos:
Eu, diante dos antigos vilarejos e das ruas de paralelepipedos, do centro histórico de Montpellier!
A maravilhosa vista do Château d'eau, no centro da cidade!
Sob o reflexo espelhado de um dos prédios do governo, Barbara, eu e Daniel.

Eu e Daniel, na place d'Europe, em um chafariz qualquer, em meio à uma extensa e ferrenha discussão política (olha nosso sorriso forçado para foto, queríamos era conversar!)

 E muitas coisas ainda estão por vir! Essa semana, além de as aulas começarem, na quinta-feira viajo para a Itália! Vou para Roma encontrar o Gui (o bróder) sua namorada e a Cláudia (prima) para pelo menos ter o gostinho de passar meu aniversário em família!
É isso pessoal, até a próxima!
SAUDADES






sábado, 10 de setembro de 2011

Le carnet de voyage et la vie française!

Olá Família! Tudo bem?
Quanto tempo que eu não escrevo aqui hein?
Bom, é claro que eu não me havia esquecido ou abandonado o blog, apenas os dias passaram e eu fiquei por conta de resolver burocracias (passar na embaixada para validar o visto, fazer a matrícula da universidade, abrir conta no banco, buscar ajuda de custo do alojamento, etc.), e achei que essas coisas não eram as mais interessantes de postar por aqui! Nas brechas de tempo eu ia fazer compras, e claro fazer a faxina do apê!
Obviamente que não deixei de passear pela cidade... que à mim já me parece encantadora! Aqui, meu principal meio de locomoção é o TRAM:

Nessa foto tem as duas linhas do TRAM a 1 (azul) e a 2 (florida) que dão conta de quase toda cidade!

Esse meio de transporte, TRAM, cuja melhor tradução seria uma espécie de veículo leve sobre trilhos (aquele famooooso que está só na promessa de ser construído em Brasília)... Embora não seja lá muito rápido, é eficiente, pois passa de 5 em 5 minutos e consegue levar por vários pontos da cidade (para o resto, dá para ir de boa andando ou de ônibus). A linha que eu pego aqui quase sempre é a 1, o TRAM de cor azul, mas tem também a outra linha toda florida (muito bonitinha) e marca registrada de Montpellier! Apenas o preço que é um pouco salgado (uma média de 2,50 euros uma passagem de ida e volta).
Nessa história de resolver burocracias, eu fui conhecer a minha universidade! E só para dar inveja eis aí a comparação:

Sim! Eu estou trocando os velhos prédios em concreto de Niemeyer (a típica estrutura decandente da UnB) por uma Universidade moderna, com wi-fi, laboratórios informatizados, salas equipadas com as tecnologias mais modernas, numa Instituição que promete ser um excelente local de aprendizado! Ebaaaaaaaaa
Estou ansiosa para que as aulas comecem logo, para que eu possa conhecer outros estudantes, e para estudar, claro! (foi isso que eu vim fazer né?) Esse semestre super especial, vou cursar as disciplinas de Decision Psychology (psicologia da decisão), Socio-psychology (Sócio-psicologia) e Francês para estrangeiros. Resolvi pegar poucas matérias, pois fiquei com medo de ficar muito puxado. Estou curiosa para saber como serão as aulas em outra língua, os estudos, o aprendizado, e um pouco temerosa quanto ao meu desempenho! Mas estou bastante otimista e contanto os dias para começarem as aulas!
Outra coisa que me é novidade, é aprender a ser dona de casa! Uff, gente como isso cansa hein? Varrer a casa, passar aspirador, passar pano, lavar banheiro, passar produtos de limpeza, lavar louças, jogar o lixo fora, lavar roupas, cozinhar, fazer lista de compras (e, sair as compras)! Nossa quanta coisa! A minha sorte, é que o alojamento (que é num condomínio) disponibiliza um Kit Menagère (kit de limpeza, com vassoura, rodo, balde, panos e aspirador), daí sai bem mais barato pois só necessito comprar os itens de limpeza! E quando temos o luxo de receber isso de alguém, se quer sabemos dar o devido valor... Mas é bem legal poder me tornar cada vez mais independente!

Aqui na Europa, em geral, pelo padrão de vida das pessoas, e acho que por filosofia de vida também, ninguém tem empregada doméstica! Independentemente da classe social, todos estão bem acostumados com as tarefas domésticas e ninguém morre por isso. No final das contas, pode-se levar um estilo de vida mais simples e ainda sobrar um dinheiro para lazer, passeio, cinema, teatros, concertos e viagens!
Enquanto minhas aulas não começam, também não deixei de ter meus momentos de lazer ( e dessa vez não fiquei só lendo em casa hahahaha!)... Dei sorte de conhecer o Daniel, um estudante de Comunicação Social da UnB, que veio pelo mesmo programa de intercâmbio que eu, e agora é meu vizinho aqui do alojamento! Ele me chamou para conversarmos, saímos no final de semana passado e acabamos conhecendo um trio de músicos estrangeiros! O João é um português da cidade de Tavira, o Loic é francês da ilha de La Reunion (costa africana) e a Olivia uma dinamarquesa! São estudantes, músicos e moram juntos num apartamento alugado.
No final de semana passado saímos com nossos novos amigos, eles nos convidaram para casa deles, fizemos um delicioso risoto, e depois eles tocaram instrumentos e todos cantaram! Na casa tinha um violão, uma guitarra, um piano e um trompete. Foi uma experiência completamente diferente sair com músicos, e muito divertida! Eu até fiz um dueto com o Loic da música “Boa Sorte” da Vanessa da Mata com Bem Harper, ficou muito legal!
http://www.youtube.com/watch?v=35H4-AR010k (vai um link no youtube da música, que eu cantei a parte da Vanessa da Mata em português e o Loic a parte do Ben Harper em inglês, com Loic no piano e João no violão!) Da próxima vez vou ver se filmamos para vocês sentirem o gostinho!
Ontem saímos novamente, e eu lembrei de levar a maquina fotográfica! Infelizmente a Olivia não pode ir... Ontem fomos ao Café de La Mer pedimos tábua de queijos, frios e os meninos beberam vinho. Me senti bastante fina! Sendo que no final saiu só 7 euros a conta!

 Na foto João, Daniel, Loic e eu.
Essa história de sair com um português, um francês, uma dinamarquesa é uma experiência lingüística muito engraçada e rica. Falamos na maioria do tempo em francês e espanhol, mas sempre com muitos erros e risadas! Acho que vou voltar excelente em todas as línguas...
Nessa foto João, eu e Loic no Café de la Mer
Bom enquanto é isso! Beijos com saudades para todos...

domingo, 28 de agosto de 2011

Vous parlez français?

Pois é. Os dias passaram e amanhã já vai fazer uma semana que eu fui embora do Brasil. Logo que cheguei no aeroporto de Paris, consegui me virar de boa com a língua, passei pela imigração sem problema algum e logo fui para o portão de embarque, onde esperei menos de uma hora.

Cheguei em Montpellier, peguei um táxi para o albergue e fui deixada nessa estreita rua (onde não podem passar carros, pois fica na parte antiga da cidade e só são permitidos pedestres):

No começo, bateu um desespero, eu nessa rua, com duas malas gigantes, uma mochila, uma bolsa e uma bagagem de mão, ia ter que andar até num sei aonde para chegar ao albergue da juventude! Mas aí quando olho para o lado, lá estava o Le Petite Impasse Corraterie! Uma pena que os europeus tenham uma mania de siesta, pois quando eu cheguei a recepção estava fechada. Ia fazer o que? Tinha que esperar mais duas horas, e não dava para sair da escada do alojamento por conta das malas. Aí que chegaram duas meninas alemãs e uma francesa, também cheias de bagagens e tendo que esperar.

O momento foi super oportuno, mega conversamos em francês, trocamos várias idéias e após o check in do albergue, fomos almoçar (estávamos famintas) e depois ao cinema... E tiramos fotos (Laura, eu, Lena e Lucille)! Só agora percebi que todas começam com a letra L.

No dia seguinte pela manhã pegamos um trenzinho que passava pelo centro histórico da cidade. Mas pouco depois, infelizmente a Laura e Lena voltaram para Paris (onde estudam Psicologia, coincidência né?) e a Lucille ficou, vai morar aqui para estudar artes...

No mesmo dia à tarde eu fui para a cidade universitária Triolet (onde fica meu alojamento) para ver a documentação que teria que entregar, o pagamento, enfim, todas as burocracias. E o mais legal foi que na mesma hora já me entregaram as chaves, dessa linda mansão de 20m² que estou agora!

Nesta foto, o quarto já arrumado com minhas coisas, do lado direito uma escrivaninha com meu computador e todas as coisas de estudo. Do lado esquerdo, minha pseudo cozinha (só tem um frigobar), mas já fiz algumas compras que estão lá também! No fundo a porta e o banheiro (não dá pra ver...).
Nesta outra foto minha cama e a janela!( agora sim dá pra ter a dimensão do cubículo!)


Dessa foto dá para ver o banheiro (parece de navio)!

ENFIM MEU APÊ É PEQUENO PORÉM CONFORTÁVEL!

Depois de receber as chaves do apartamento iniciei o processo de mudança! Uff nesse dia perdi uns 3kg! Eu, com tavira lifestyle, não peguei um táxi, porque ia sair muito caro! Do albergue para a cidade universitária é só pegar um metrô, um ônibus e andar 1 quarterão, depois andar no condomínio (mais ou menos do tamanho do Láife Rizórti Cérvice do Guilherme - meu prédio é lá no final) e subir 3 escadas (bloco G apartamento 49)! UFA! Pense num dia cansativo... Fiquei um dia inteiro toda por conta da mudança, descarregando mala e arrumando o apartamento.  No dia seguinte fui ao mercado comprar cabo de internet, papel higiênico, toalha e algumas comidas.

Depois de tantas burocracias a se resolver, cá estou eu, devidamente alojada, com casa arrumada e com a despensa cheia HAHAH!

Hoje aproveitei o domingo ensolarado para dar uma volta pela cidade, fui andando até o centro histórico, na  Place de la Comédie, onde almocei, tirei algumas fotos, deitei na grama, fui ao shopping, passeei...



No final do passeio, já a caminho de casa, recebi a notícia da Cinthia (uma de minhas melhores amigas), que avó dela havia falecido (já estava com câncer terminal). Daí vim pensando e refletindo sobre a questão e escrevi uma carta para ela, que compartilho aqui:

Hoje o dia alvoreceu ensolarado. Essa brisa seca que arde por dentro, quente, não ousaria negar que o sol estava lá.  E haveria sido um domingo de calor qualquer, não houvesse amanhecido nublado. Injusta interposição essa que confunde céu ensolarado com nuvens carregadas. Eu sei - todos sabemos - o céu se abriu, mas o tempo está fechado. É engraçado pensar que mesmo nesse nebuloso dia, o céu fez-se ensolarado. Eu jamais haveria notado a ironia da natureza, se o céu não estivesse aberto justamente para quem o tempo fechou.
A natureza é mesmo misteriosa, sarcástica. Definitivamente jocosa. Ela dá-nos a incrível oportunidade de chegarmos até aqui sem nada, sairmos com quase nada, mas sempre cheios. Alguns saem lotados de afazeres, abarrotados de trabalho, bastante ocupados. Há também quem acumule conhecimento, tempo, sabedoria. Todavia tem aqueles que colecionam riquezas, dinheiro, muito dinheiro. Outros se vão embebidos em beleza, olhares e glória. Muitos juntam os anos, pegam carona com o cansaço e se despedem cheios de idade.
Afortunados mesmo, eu diria, são aqueles que partem cheios de amor. Felizes são aqueles que tiveram a oportunidade de dar e receber esse nobre sentimento, abstrato, imperecível. O resto todo – o trabalho, a sabedoria, as riquezas, a beleza, a glória e o tempo – parecem apenas temperar a existência, mas o que funda mesmo, o que dá base e sentido ao fenômeno vida, o que preenche lacunas e assume todas as formas, é somente o amor. Porque o resto todo se esvai quando finda a vida. Já o amor, em seu formato diluído, é o que fica. E quem foi que disse que a matéria viva é determinantemente necessária para que haja existência? Eu, sobretudo neste dia, diria que o que precede a existência é a essência. O amor.
Pois é, essa irônica existência, por vezes, brinda alguns com a chance imediata de ir embora carregados de amor, não aquele que se supõe, pelo aspecto protocolar das relações. Mas do amor óbvio, que se faz declarado, explícito. Amor que pressupõe o cuidado e que tem fim em si mesmo. Para esses que, a despeito do sofrimento dos outros, por terem seu fim anunciado, tem a fantástica experiência de viver seus últimos momentos sob uma única certeza: a de serem terem amado muito. Essa experiência estrondosa, de ter acesso ao acaso declarado, fornece também grande oportunidade aos que ficam, de se entregar de modo sublime ao amor, apesar dos apesares. De reconstituir relações, perdoar, cuidar, acarinhar e viver a essência.
E se a essência é o amor, se é esse sentimento que funda a vida, que possamos compartilhá-lo, para que tenhamos sempre certeza de sua presença. E assim quem sabe, a despeito de nuvens carregadas, possamos sentir o calor do sol acariciando nossa existência.

Bom, termino assim o meu post! Abraços à todos que amo e beijos!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

De Brasília para Montpellier

Cá estou eu em Montpellier! Depois de 8434 km percorridos, de BRASÍLIA para MONTPELLIER, já com algumas histórias para contar... É muita emoção para uma pessoa só! Ainda bem, por enquanto, eu ainda posso dizer: " no final dá tudo certo!"

Mas nem tudo começou uma maravilha, claro. Se é minha vida, tem que ter uma aventura! Já no aeroporto de Brasília começou a zica... Fazendo o check in da TAM, tive que pagar excesso de bagagem afinal o vôo era nacional (BSB-SP). Como se eu fosse pra São Paulo por puro lazer ¬ ¬
Enfim, minhas duas opções eram: pagar ou ficar! Se eu já estou aqui é porque eu paguei, e caro! Mas tudo bem, no final estavam me esperando uma linda cidade e antes disso uma confortável poltrona...

Ainda no vôo nacional, num daqueles momentos desesperadores de turbulência, me bateu um sentimento no mínimo irônico... Deixe-me explicar: lá estava eu, e mais um bando de pastores (que iam rumo à um congresso religioso), num mesmo vôo, em plena turbulência. Se o avião cai e acontece algo pior, eu me perguntaria: "à quem o senhor Deus está punindo?" Eu poderia pensar que, pelo maior peso (de almas) exercida pelos pastores, a minha simples alma alí sozinha não faria a menor diferença. MAS, como eu sou uma pessoa demasiadamente empírica, e não acredito em nada disso, eu somente ri, pensando que isso poderia render uma boa piada.

Chegando em SP, eu tinha ainda umas 6 hrs de espera, mas mesmo quando se pensa que se tem muito tempo, isso pode não ser o suficiente! Bom, como tinha que rolar um frio na barriga, um medinho de não dar certo, eis que me veio o momento 'Murphy me ama!'

Ao fazer o check in da Air France, a atendente me olha com uma cara de "o que você está fazendo aqui?", e me diz: "Senhóóóra, não foi emitido bilhete eletrônico no seu número de resééérva."
Eu nem me preocupei, ora, se não foi emitido bilhete, EMITA-O! Mas a situação não era tão simples quanto eu podia esperar. No sistema constava que não havia sido feito pagamento. E aí sim, bateu um desespero! A passagem tinha sido acertada pela internet, e até então estava tudo certo. Mas, como eu tenho um sangue Tavirense, eu logo pensei: " fui vítima de um golpe da internet, perdi o dinheiro, etc." Nada que uma ligação desperada e chorando para dona Bete (mamãe) não resolvesse!

Voilá! Tudo certo em questão de algumas horas... Aliás, esse trâmite de ter que pagar passagem fez com que eu chegasse no portão de embarque bem em cima da hora, e acabei sendo uma das últimas pessoas a entrar no avião. No começo eu pensei: "que droga, o avião já tá cheio de gente nem vai ter lugar para colocar minhas bagagens de mão". Mas eu só pensei isso, porque não sabia o que me aguardava:


Sim, eu dei uma de madame très chic e viajei de PRIMEIRA CLASSE! Quando cheguei no avião, logo no início, vi que a primeira classe estava vazia. Como eu fui praticamente a última a passar pelo portão de embarque, e como eu sou uma pessoa que tem cara de pau, sentei linda na POLTRONA G12. Como eu continuo sendo tavira way of life, cada comissário que passava, eu pensava: "já era, vão pedir meu bilhete, vão ver que estou no lugar errado e será uma humilhação pública!"

Mas o medo logo passou quando a aeromoça perguntou: "Mademoiselle, vous acceptez un champagne?". Eu fiz meu UFA, e fiquei com um suco de laranja (em homenagem à família Mends!)

O que eu poderia dizer, afinal, o que tem de demais numa poltrona duplamente acolchoada, totalmente reclinável, com massagem e aquecedor embutidos? E daí se eu tinha uma mesa só pra mim, com apoio de pé, abajour pessoal, televisão com filmes, séries de tv, documentários, rádio, video-game e áudio livros? O importa se eu tinha à minha disposição um kit viagem (com hidratante, pente para cabelo, escova e pasta de dente, tapa olho, toalha, meias, tapa ouvido, espelho e  luvas)? O que há de incrível em ter uma colcha e um travesseiro bons de verdade, num espaço só meu onde até posso esticar as pernas? Isso tudo seria muito pouco se quando eu tivesse tirado meu casaco não tivesse aparecido um comissário de bordo com um cabide pronto para pendurá-lo! Isso tudo não seria nada se não tivesse me sido servido um jantar digno de Piantella! Eu recebi um menu com várias opções de prato, e simples assim, um jantar de rainha! De entrada Foie Gras com Syrup de maça e gengibre (claro que eu nem provei, porque tinha carne, mas fiz cara de blasé, como que acha isso comida de pobre!). Mas depois veio uma salada de berinjela, e no prato principal risoto de cogumelos! Ainda tinha mousse de gianduia de sobremesa... Mas é claro que no meu estômago só cabiam uma garfada de cada! Heheheheh mas valeu cada dentada! Ainda bem, se não já estava com mais 3kg!

Depois de voar super chique na primeira classe, demorou para as outras coisas terem graça... enfim! Cheguei em Paris, peguei um vôo de conexão para Montpellier (aí eu voltei para a realidade econômica), e cá cheguei!
No próximo post eu conto como foi minha chegada na cidade, meu alojamento e primeiras impressões...
Beijosss Família linda!